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terça-feira, 12 de abril de 2011

Remédio na hora certa


Sincronizar o horário de um medicamento com o relógio do organismo faz toda a diferença para aumentar sua eficácia e diminuir efeitos colaterais. Essa é a proposta da cronofarmacologia, ciência que cuida da agenda biológica.

Mesmo que um especialista acerte na prescrição de uma droga, o tratamento pode ir por água abaixo sem um cronograma bem definido. Por esse motivo, profissionais do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo estão empenhados em estudar e difundir a disciplina que avalia o melhor momento para consumir cada princípio ativo. “As funções orgânicas vivem oscilando conforme o momento do dia. Conhecer suas fases e adequar os medicamentos a elas é importante para melhorar o aproveitamento e reduzir reações adversas”, aprova o fisiologista Luiz Menna-Barreto, da Universidade de São Paulo.

O planejamento precisa levar em conta tanto aspectos da rotina do indivíduo como certas peculiaridades do funcionamento do organismo. “Isso inclui fatores como sono, alimentação, trabalho, ritmo do sistema digestivo e produção de hormônios”, enumera a farmacêutica Amouni Mourad, assessora técnica do CRF.

Segundo ela, a difusão dessas informações é necessária não só para os profissionais como para a sociedade leiga. “Ao recorrer a um remédio de venda livre, como um antitérmico ou um analgésico, vale consultar o farmacêutico para saber em que horário ingeri-lo”, exemplifica.

“Já aos médicos cabe lançar mão de instrumentos como questionários de hábitos e monitores de atividade e temperatura corporais para individualizar o plano terapêutico”, completa Menna-Barreto. A expectativa é que se adotem progressivamente esses novos preceitos na prática clínica e que a bula dos remédios estampe orientações cronofarmacológicas. Quanto ao paciente, seu papel é comunicar ao médico qualquer desconforto e discutir com ele as alternativas para atenuá-lo, cogitando uma mudança de horários, sem desistir do tratamento.

Antes de estabelecer conexões entre os ponteiros do relógio e a ação de substâncias, vale a pena apontar um dos principais marcadores do compasso do organismo: o ciclo sono/vigília. Ele delineia o chamado ritmo circadiano. “Trata-se de um padrão temporal em que as funções orgânicas oscilam. Ele se repete, aproximadamente, a cada 24 horas”, descreve Menna-Barreto. Conhecer essa regularidade ajudará você a entender as razões pelas quais tomar remédio com hora marcada melhora a absorção e a distribuição de medicamentos dos grupos a seguir.

Por Adriana Toledo

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